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Em momentos de perdas, seja, por exemplo, pela partida de um ente querido ou pela dor de um término de relacionamento, o luto se manifesta como uma poderosa reação emocional. No entanto, quando se estende por longos períodos, o sentimento pode evoluir para o que agora é reconhecido como “luto prolongado”. E a Organização Mundial da Saúde (OMS) define o luto prolongado como um transtorno mental, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID). 

E é muito difícil entender os sintomas do luto prolongado, afinal cada pessoa sente e processa o sentimento de forma única, não existindo um tempo certo de duração ou padrões de comportamento completamente definidos.

Algumas características especiais se caracterizam quando há uma questão emocional que precisa ser observada: tristeza profunda, perda de interesse e sensação de forte desânimo, que podem refletir em sintomas físicos, como dores no corpo, perda de memória e alterações no sono, como dificuldades para dormir e sonolência durante o dia.

De acordo com Simône Lira, psicóloga especialista em luto do Morada da Paz, o luto prolongado compartilha sintomas semelhantes com a depressão e ansiedade, mas seu fator motivador é único: a perda.

“É crucial não limitar a avaliação do luto prolongado apenas ao tempo cronológico, pois há controvérsias sobre essa abordagem. Identificar sintomas agravados e buscar a ajuda de especialistas quando necessário é fundamental para lidar com esse desafio”, destaca Simône.

A compreensão do luto na saúde mental é essencial para promover a conscientização e fornecer o suporte necessário para aqueles que enfrentam esse desafio emocional prolongado.

Em crianças e adolescentes, o peso do luto prolongado é muitas vezes acompanhado por sentimentos de abandono e rejeição, manifestando-se através de sinais como isolamento, retração, dificuldade de concentração, desafios na socialização e um sofrimento agudo. 

Na vida adulta, os sintomas do luto prolongado podem refletir-se em dificuldades de concentração e produção, bem como em sentimentos profundos de desvalorização da vida e incapacidade. Nesse estágio, a dor emocional geralmente está intrinsecamente ligada à vontade de viver, produzir e se relacionar.

Adultos em luto prolongado podem experimentar uma perda significativa de libido, desejo e motivação para buscar relacionamentos pessoais, tornando o isolamento uma resposta marcante, embora com uma intensidade peculiar à experiência adulta. 

Dados da OMS sobre Saúde Mental

Segundo a OMS, transtornos mentais são uma das principais causas de incapacidade no mundo. No entanto, a relação direta entre luto e transtornos mentais é muitas vezes subestimada. A OMS revela que eventos estressantes, como a perda de entes queridos, podem agravar transtornos pré-existentes ou levar ao surgimento de novos desafios emocionais.

A psicóloga do Morada da Paz defende que é essencial promover a conscientização sobre a importância de buscar ajuda profissional. Se familiares ou amigos identificarem sintomas agravados, é crucial encorajar a busca por suporte especializado, contribuindo assim para a saúde mental de quem enfrenta esse desafio.

“Esteja atento aos sinais, promova a compreensão e busque apoio quando necessário. O luto é uma jornada individual, mas não precisa ser enfrentado sozinho”, finaliza a especialista.